E-books e Livros de Banca – Aliados na Mudança da Visão Literária Brasileira


Já faz um bom tempo que desejo abordar esse tema aqui no Blog, mas para chegar até ele, preciso dar uma aplanada básica no conceito geral da literatura atual.

Acredito que vivenciamos um momento extremamente significativo no que diz respeito a mudança da visão brasileira sobre a Literatura. Recentemente li uma reportagem com a UNESCO que tentava explicar o porquê do brasileiro ler pouco ao afirmar que “muitos brasileiros foram do analfabetismo à TV sem passar na biblioteca” e que “os professores costumam indicar clássicos do século 19, maravilhosos, mas que não são adequados a um jovem de 15 anos”.

Sou obrigada a concordar com essas afirmações, pois não sou hipócrita. Apesar de estar me preparando para o magistério, lembro-me perfeitamente de quando estudava no ensino médio e era obrigada a ler clássicos pesados e desestimulantes. Por sorte, minha escola era bem servida de uma biblioteca diversificada que manteve acessa em mim a chama da curiosidade pelo mundo literário. Mas e quem não tem essa sorte? E aqueles cujo único contato com a Literatura se dá através da grade curricular? Não sei se seria hoje a amante de livros que sou se conhecesse apenas Memória Póstuma de Brás Cubas, Macunaíma e O Alienista. Não desprivilegiando os clássicos, claro, mas tendo em mente que a escola é uma grande oportunidade de despertar o interesse literário do jovem, por que não utilizar obras com uma linguagem mais atual, mais atrativa? Não sou uma autoridade no assunto para citar nomes de autores capacitados para atender as expectativas dos conteúdos programáticos das instituições de ensino, mas na condição de eterna aluna, adoraria encontrar mais poesia, mais romance e aventura, quem sabe algo de Pedro Bandeira?

Mediante as afirmações da UNESCO e após reflexão sobre minha própria experiência, chego a conclusão que o brasileiro lê pouco por ter tão limitado acesso a literatura adequada. De acordo com o estudo do Instituto da Economia da UFRJ, um livro no Brasil custa em média R$42,00. O preço é alto devido a “limitada capacidade de absorção das bibliotecas e limitadíssima capacidade de absorção do consumidor individual”. E apesar do avanço evidente das classes sociais brasileiras, ainda há grande hesitação na hora de gastar com livros. Para esse fato ser alterado é preciso que o Brasil esteja mais “íntimo” da leitura e que as editoras tenham mais confiança no mercado nacional e invistam numa tiragem mais extensiva, gerando assim um preço mais acessível de suas obras.

Então, como estimular a leitura e driblar a questão do preço? A meu ver, a disponibilização dos e-books e o apelo aos livros de banca são a solução. Ler no computador, ou aparelhos especializados para tal, pode ser uma ótima opção. Particularmente leio e-books com facilidade, considero a luz do visor, a possibilidade de alterar o tamanho da fonte e a praticidade de girar páginas com apenas um sutil toque, muito atrativas. Para quem não consegue ler dessa forma, há o livro de banca que apesar de não ser “esteticamente perfeito”, é encontrado com facilidade e diversidade com preços que variam de R$3,90 a R$15,90 (aproximadamente).

Download de E-books – Pirataria?

É muito fácil encontrar inúmeros links de download de e-books liberados por fãs, sem a devida autorização das editoras e é compreensível que elas se sintam de alguma forma lesada por essa distribuição indevida, mas daí a chamar esse movimento de pirataria não seria um exagero? Não encontrei nenhum site ou Blog que cobrasse pelo acesso aos e-books, então de uma forma generalizada, não podemos considerar tais acervos como uma grande e pública biblioteca digital?

Não é difícil imaginar no Brasil pessoas com acesso a internet, mas com dificuldades de separar uma quantia mensal para comprar livros, então por que condenar quem propaga a literatura sem fins lucrativos?

Segundo a tese Novas Estratégias Para o Mercado Editorial Nacional Com Ênfase Em Obras Literárias de Rodrigo Domit: "O e-book é mais que uma maneira barata de editar e publicar um livro... Garantindo o acesso gratuito às obras, cria-se uma forma do autor colocar-se no mercado e formar um público cativo... A tecnologia e praticidade atrai mídias espontâneas que resultam em uma valiosa divulgação"
Sendo assim, as editoras podem (e devem, se querem não só permanecer ativas, mas evoluir) buscar estudar o que tanto "cativa" essa público já habituado aos e-books e elaborar novas estratégias para atender a demanda.

Afinal, na empreitada de embutir o hábito da leitura na nova geração brasileira, tudo é válido?

4 comentários :

  1. Adorei muito o post, eu também tive um vasto acesso a literatura na biblioteca da minha escola. Tenho que dar graças, porque se hoje eu sou uma leitora assídua eu devo isso ao meu colégio, as bibliotecarias compravam qualquer livro que eu desejasse até mesmo de fadas, bruxas, vampiros e etc. Também acredito que muita gente não lê mais livros porque muitos livros tem o preço absurdo, tem editora ai, que todos sabemos qual é que ranca o couro da gente na hora de vender livro, só livro acima de 35 reais, nada mais barato do que isso. Temos que agradecer ao submarino por lançar novas promoções todos os dias, se não fosse por elas, não compraríamos livros nenhum. Apoio muito a sua inciativa de disponibilizar o ebook, aquele que você me enviou eu lerei com o maior prazer mesmo, e vou postar a resenha, e no próximo mês vou adquirir pois quero te prestigiar.

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  2. Não gosto muito de E-books! Queria ler teu livro, porém não consigo ler muita coisa com E-books, deixa para a próxima

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  3. Oi nanda,
    queria muito o ebook desse livro, mas acho que o link não está mais disponível. Haveria como vc me mandar? Se puder, meu e-mail é ticiafrei@yahoo.com.br.
    Se não puder, sem problema. ; )

    um abraço

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  4. Tícia, já respondi ao e-mail.

    O link estava mesmo desatualizado, agora já foi corrigido.

    Obrigada pelos comentários, pessoal ;)

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